Revista põe no centro os executivos e pesquisadores que desenham a infraestrutura e as aplicações de IA — uma escolha que marca 2025 como ano de aceleração da tecnologia
A revista Time anunciou como Pessoa do Ano de 2025 os chamados ‘arquitetos’ da inteligência artificial (IA), um grupo formado por empresários e pesquisadores que projetam, financiam e colocam em escala os sistemas de IA. Em duas capas diferentes, a publicação retrata tanto uma obra de arte que destaca a letra ‘AI’ cercada por trabalhadores quanto retratos pintados de líderes como Jensen Huang (Nvidia), Mark Zuckerberg (Meta), Elon Musk (X), Fei‑Fei Li e Sam Altman (OpenAI).
Quem aparece nas capas e por que foram escolhidos
Além de Huang, Zuckerberg, Musk, Fei‑Fei Li e Altman, a Time incluiu na capa nomes como Lisa Su (AMD), Dario Amodei (Anthropic) e Sir Demis Hassabis (Google DeepMind). A justificativa da revista é que essas pessoas imaginaram, projetaram e construíram a IA que hoje influencia economia, instituições e rotinas cotidianas.
Segundo a Time, o debate sobre uso responsável foi suplantado por uma corrida para implementar a tecnologia o mais rápido possível. O editor‑chefe Sam Jacobs afirmou que ninguém teve tanto impacto em 2025 quanto aqueles que construíram a IA, colocando-os como figuras centrais para o futuro próximo.
O contexto: do lançamento do ChatGPT à aceleração global
O anúncio ocorre em meio a um boom tecnológico impulsionado pelo lançamento, no fim de 2022, do ChatGPT pela OpenAI. Sam Altman, citado no perfil, afirmou que o chatbot é usado por cerca de 800 milhões de pessoas todas as semanas — um indicativo da adoção massiva de ferramentas baseadas em IA.
Grandes empresas de tecnologia têm investido bilhões em modelos, centros de dados e chips especializados para manter vantagem competitiva. Analistas afirmam que a IA está sendo integrada de forma invisível a hardwares, softwares e serviços, o que acelera a difusão mais rapidamente do que revoluções anteriores, como a internet ou o celular.
Impactos práticos: da busca aos assistentes personalizados
Para muitos usuários, chatbots e assistentes de IA já substituem mecanismos de busca e redes sociais em tarefas cotidianas — planejar viagens, buscar receitas e encontrar presentes, por exemplo. Essa incorporação ampla é vista por especialistas como um ponto de virada na forma como a informação e serviços são consumidos.
Riscos, críticas e responsabilidade
Ao mesmo tempo em que celebra a influência desses líderes, a escolha da Time reacende preocupações: consumo de energia dos modelos, fontes e qualidade de dados usados no treinamento, impactos sobre empregos e desigualdades — temas que podem ampliar ou reduzir oportunidades conforme a tecnologia for aplicada.
Alina Timofeeva, consultora em cibersegurança e IA, destacou que o reconhecimento pela Time ressalta a IA como força definidora, mas alertou que será a forma como milhões de pessoas escolherem aplicar essas ferramentas que determinará se a tecnologia será inclusiva ou excludente. Nik Kairinos, da Fountech AI, avaliou que reconhecimento não equivale a prontidão: “Ainda estamos nos estágios iniciais de construir sistemas de IA que sejam confiáveis, responsáveis e alinhados aos valores humanos”.
Especialistas também apontam desafios regulatórios e éticos. Enquanto empresas correm para implementar soluções, formuladores de políticas e grupos civis pressionam por regras que limitem danos, garantam transparência e protejam direitos trabalhistas e de privacidade.
Por que a escolha foi coletiva, e o histórico de reconhecimentos da Time
Essa não é a primeira vez que a Time atribui a Pessoa do Ano a um grupo ou a uma ideia em vez de um indivíduo isolado. Em 1982, a revista reconheceu o computador e listou empreendedores como representantes; em 2006, a ‘Pessoa do Ano’ foi ‘Você’, em alusão ao poder das plataformas participativas; em 2014, os combatentes do ebola foram reconhecidos; em 2002, os denunciantes receberam a honraria.
Esse padrão indica que a publicação tende a destacar tendências sociais e tecnológicas quando seu impacto coletivo se prova determinante — neste caso, a difusão da IA que já toca setores variados e promete redesenhar mercados e serviços.
O que vem a seguir
Ao colocar os arquitetos da IA na capa, a Time sublinha que 2025 marcou um momento de aceleração: a tecnologia deixou de ser experimental para se tornar infraestrutura ampla. A discussão pública agora se desloca da descoberta para a implementação, exigindo equilíbrio entre inovação, regulação e responsabilidade social.
Em última análise, a revista e especialistas consultados deixam claro que, embora líderes e empresas estejam no centro das decisões técnicas e comerciais, será a soma das escolhas individuais, políticas públicas e normas corporativas que determinará se a IA amplificará bem‑estar e inclusão ou aprofundará desigualdades e riscos.
Enquanto isso, a atenção global sobre quem projeta e controla essas tecnologias deve continuar alta: investimentos, pesquisas e pressões regulatórias tendem a acelerar nos próximos meses, à medida que governos, empresas e sociedade buscam respostas para um conjunto complexo de oportunidades e desafios.