Time afirma que 2025 marcou o ponto de virada da inteligência artificial: ‘não haveria volta’
A revista norte-americana Time escolheu os ‘Arquitetos da IA’ como Pessoas do Ano em 2025, em decisão anunciada nesta quinta (11). A Revista Time elege ‘Arquitetos da IA’ como Pessoa do Ano devido ao impacto significativo que esses indivíduos tiveram na tecnologia e na sociedade. A edição dedica duas capas ao tema — uma delas traz uma imagem criada por inteligência artificial que coloca executivos e pesquisadores em uma cena que remete à famosa fotografia de 1932 ‘Lunch atop a Skyscraper’, com operários sentados sobre uma viga de aço.
A capa e a referência histórica
A imagem gerada por IA reúne nomes como Mark Zuckerberg (Meta), Elon Musk (Tesla, SpaceX), Lisa Su (AMD), Jensen Huang (Nvidia), Sam Altman (OpenAI) e Dario Amodei (Anthropic), além de pesquisadores como Fei-Fei Li e Demis Hassabis. Na cena, os personagens conversam sentados em uma estrutura de aço no topo de um prédio, em referência à icônica foto de Charles C. Ebbets, feita em Nova York durante a construção do Rockefeller Plaza, em 1932.
Por que ‘Arquitetos da IA’?
Segundo a Time, ‘2025 foi o ano em que todo o potencial da inteligência artificial se revelou, e quando ficou claro que não haveria volta’. A revista justificou a escolha por ‘inaugurar a era das máquinas pensantes’, por impressionar e preocupar a humanidade, e por transformar o presente e transcender o possível. Para o editor-chefe Sam Jacobs, a Pessoa do Ano serve para concentrar a atenção mundial ‘nas pessoas que moldam nossas vidas’, e, em 2025, ninguém teve impacto maior do que os que imaginaram, projetaram e construíram a IA.
Impactos econômicos e tecnológicos
A reportagem da Time aborda como a IA mexeu com mercados, cadeias produtivas e modelos de negócio ao longo do ano. A publicação destaca o papel da Nvidia e de seu CEO, Jensen Huang, cujos chips aceleradores se tornaram essenciais para os grandes modelos de linguagem e outras aplicações de IA. A matéria lembra que a empresa, que começou com foco em processadores gráficos para videogames, alcançou posição de liderança global graças ao quase monopólio em chips avançados que impulsionam o boom da IA.
Investidores e líderes como Masayoshi Son, do SoftBank, são entrevistados para explicar o fluxo de capital que alimentou startups e grandes projetos em IA. Ao mesmo tempo, a Time analisa como empresas como OpenAI, Anthropic e outras influenciaram produtos de consumo, serviços empresariais e infraestrutura tecnológica em ritmo acelerado.
Alertas, riscos e debates éticos
A revista não se limita a louvar avanços: dedica espaço a consequências negativas associadas à tecnologia. Entre os exemplos citados está a morte do americano Adam Raine, de 16 anos, cujo suicídio levou os pais a processarem a OpenAI, alegando que conversas do jovem com o ChatGPT contribuíram para o episódio. A reportagem discute debates sobre segurança, responsabilidade, transparência e regulamentação que cresceram junto com a adoção em massa de ferramentas de IA.
Além disso, a Time entrevista pesquisadores e executivos para explorar possíveis cenários futuros, desde ganhos de produtividade e inovações em saúde até riscos de desemprego setorial, desinformação e abuso de sistemas automatizados.
Contexto e repercussões
A escolha da Time segue tradição centenária da publicação, que nomeia pessoas ou grupos que mais influenciaram o ano desde 1927 — às vezes com escolhas controversas, como Adolf Hitler (1938) e Josef Stalin (1939 e 1942). No ano anterior, Donald Trump foi escolhido como Personalidade do Ano.
Ao destacar os ‘Arquitetos da IA’, a Time pretende não só reconhecer as figuras por trás das tecnologias transformadoras, mas também ampliar o debate público sobre como essas decisões e produtos devem ser regulados e fiscalizados. A capa gerada por IA reforça, simbolicamente, a tensão entre criação tecnológica e reflexões éticas sobre o seu uso.
Especialistas, empresas e governos devem acompanhar as discussões que prometem moldar políticas, investimentos e inovação nos próximos anos, à medida que a IA passa de ferramenta promissora a infraestrutura central da economia e da vida cotidiana.