US$ 50 bilhões em 24h: por que Microsoft, Amazon e outras big techs estão apostando na Índia para data centers, GPUs e IA

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Apostas bilionárias em nuvem, GPUs e capacitação colocam a Índia no centro da corrida por infraestrutura e talentos de IA

Em menos de 24 horas, anúncios de investimentos que somam mais de US$ 50 bilhões — vindos principalmente de Amazon e Microsoft — colocaram novamente a Índia no epicentro da estratégia global das big techs. Apostando na Índia, as empresas veem no país uma combinação rara de mão de obra qualificada, demanda digital em forte crescimento e espaço físico e energético favoráveis para construir data centers e rodar cargas intensivas de inteligência artificial (IA).

O que foi anunciado

A Microsoft confirmou um plano de investimento de US$ 17,5 bilhões a ser empregado ao longo dos próximos quatro anos. O aporte foca na expansão da infraestrutura de nuvem, integração de capacidades de IA em plataformas locais e programas de capacitação profissional. A empresa também aposta em antecipar a instalação de data centers com grande oferta de GPUs, essenciais para treinar e executar modelos de IA.

Já a Amazon anunciou novos aportes de US$ 35 bilhões, além dos cerca de US$ 40 bilhões que já havia investido anteriormente na Índia. Juntos, os anúncios reforçam a visão das companhias de que o país é um dos mercados mais estratégicos para operações globais tanto de nuvem quanto de comércio e serviços digitais.

Mais players, mais acesso: a expansão da presença em IA

Além dos investimentos diretos em infraestrutura, várias empresas de IA passaram a ampliar uso e distribuição de ferramentas no mercado indiano. OpenAI, Google e Perplexity facilitaram ou liberaram o acesso gratuito a recursos para milhões de usuários na Índia. O Google, segundo relatos, também prepara um aporte de cerca de US$ 15 bilhões para ampliar capacidade de data centers no sul do país.

Para Tarun Pathak, diretor de pesquisa da Counterpoint Research, essa conjunção de investimentos e disponibilidade de GPUs posiciona plataformas como o Azure para se tornarem preferenciais para cargas de trabalho de IA no país, além de fortalecer parcerias com iniciativas públicas voltadas a infraestrutura de inteligência artificial.

Por que a Índia interessa tanto

Especialistas apontam três fatores principais que explicam o apetite das big techs pela Índia: 1) um enorme e crescente mercado consumidor digital; 2) um ecossistema de TI maduro com grande oferta de engenheiros e developers; e 3) condições físicas e de custo atrativas para data centers — espaço para construção em larga escala, custos de energia mais baixos que em centros europeus e aumento da geração renovável, crucial para operações de alto consumo energético.

Dados citados nas matérias apontam que a Universidade de Stanford coloca a Índia entre os quatro países mais avançados no ranking de “vibrância em IA”, e o GitHub indica que desenvolvedores indianos respondem por cerca de 24% de todos os projetos globais na plataforma — um sinal claro da capacidade local de desenvolver aplicações em escala.

Desafios e oportunidades

Ainda que o país tenha vantagens claras, a Índia corre atrás de Estados Unidos e China na criação de modelos fundamentais próprios de IA e na presença de grandes empresas locais de infraestrutura. O foco, entretanto, está em transformar a força de trabalho em vantagem competitiva, desenvolvendo a camada de aplicações empresariais e soluções adaptadas a mercados emergentes, na avaliação de S. Krishnan, secretário do Ministério de Eletrônica e TI.

Deepika Giri, vice-presidente associada na IDC, alerta para uma “escassez significativa de infraestrutura adequada” para executar modelos de IA em grande escala — lacuna que os novos investimentos buscam preencher. A expansão dos data centers não vai se limitar às capitais históricas como Mumbai e Chennai: companhias miram polos de TI como Bangalore, Hyderabad e Pune para atender tanto demanda interna quanto operações internacionais.

O que vem a seguir

O movimento das big techs deve acelerar a construção de data centers, a oferta de serviços de nuvem com foco em IA e programas de capacitação técnica na Índia. Mudanças regulatórias potenciais — por exemplo sobre armazenamento de dados — e o crescimento contínuo do e‑commerce local também devem sustentar a demanda.

Na prática, a combinação de capital, talento e infraestrutura pode transformar a Índia não apenas em um grande mercado consumidor, mas em um polo global de engenharia e implantação de tecnologias avançadas de inteligência artificial.

Fonte: reportagens e entrevistas compiladas a partir de anúncios das empresas e análises de mercado citadas na cobertura original.

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