Nova orientação será distribuída a ministérios, estatais e órgãos públicos; intenção não é banir, mas restringir aplicações que dependem de GPUs avançadas
O governo chinês adotou uma nova diretriz que deixa a NVIDIA fora da lista de fornecedores de hardware recomendados para órgãos públicos e empresas estatais. A lista, que será distribuída a ministérios, companhias estatais e outras instituições públicas, não pretende eliminar totalmente a presença da NVIDIA no mercado chinês, mas busca limitar o uso dos seus aceleradores a segmentos onde seu desempenho seja estritamente necessário.
O que muda para a NVIDIA
Na prática, a medida tende a restringir compras e implementações de GPUs NVIDIA a casos de uso de ponta, como determinados tipos de pesquisa em IA e cargas de treinamento que não têm alternativa viável. Para aplicações mais gerais, espera-se que órgãos públicos sejam orientados a optar por fornecedores domésticos ou por soluções cuja cadeia de fornecimento não dependa diretamente de empresas americanas.
Motivações por trás da iniciativa
Fontes técnicas destacam que a decisão faz parte de uma estratégia mais ampla para reduzir dependência tecnológica. Nos últimos anos, autoridades chinesas já trabalharam para privilegiar CPUs x86 produzidas localmente e incentivaram a substituição do Windows por sistemas operacionais nacionais, o que impulsionou alternativas como o HarmonyOS. A nova lista de fornecedores recomendados reflete essa tendência de fortalecimento do ecossistema interno.
Desafios técnicos e econômicos
O principal entrave é técnico: os aceleradores da NVIDIA ainda são considerados os melhores do mercado para muitas tarefas de treinamento e inferência em IA, e seu ecossistema proprietário CUDA é amplamente adotado, complicando migrações rápidas. Para mitigar essas limitações, o governo tem buscado mecanismos de apoio às fabricantes locais, incluindo subsídios à energia elétrica para reduzir custos operacionais e tentar compensar a menor eficiência de hardwares domésticos.
O que vem a seguir
Especialistas apontam que a medida dificilmente expulsará a NVIDIA do mercado chinês a curto prazo, mas pode acelerar investimentos públicos e privados em alternativas locais e em softwares compatíveis com diferentes arquiteturas. A evolução das ofertas domésticas e as iniciativas de subsídio serão fatores determinantes para saber se a China conseguirá reduzir de fato sua dependência de GPUs e de ecossistemas proprietários como o CUDA.
Fonte: Tom’s Hardware (reproduzido em resumo pela imprensa especializada)