De Canaltech a Voxel: quem são os jurados brasileiros e como decidem indicações e votos
Apesar de a bancada votante do The Game Awards ser majoritariamente norte-americana, a edição de 2025 trouxe mais vozes internacionais: o total de jurados subiu de 134 para 154, e a representatividade da Europa e da América Latina foi ampliada, segundo levantamento da Polygon. Entre os novos participantes, 10 veículos e podcasts brasileiros foram convocados para o júri: Canaltech, Combo Infinito, Flow Games, Folha de S. Paulo, Game On, Jogabilidade, Nautilus, O X do Controle, Omelete e Voxel.
Como é o processo de votação entre os brasileiros
O IGN Brasil conversou com integrantes de alguns desses veículos para entender como as decisões são tomadas. Em regra, as equipes organizam reuniões internas nas fases de indicação e do voto final. Um dos jurados explicou que, na prática, a votação é resultado de debates entre membros — às vezes listas individuais coincidem, outras vezes é preciso argumentar até chegar a um consenso.
Outra fonte, que preferiu não se identificar, afirmou que os grupos raramente usam agregadores de críticas como Metacritic ou OpenCritic como base para escolher ou ranquear jogos. Em vez disso, os times montam listas a partir da experiência editorial e de reuniões que ponderam estilos, gêneros e os pesos atribuídos a cada critério.
O que os jurados brasileiros consideram um jogo independente
Uma das questões mais frequentes junto ao público é a definição de “indie”. Entre os jurados consultados, há consenso em evitar uma definição estritamente técnica; prevalece a chamada «régua do bom senso». Para esses profissionais, ser indie passa por não depender de grandes investidores ou publishers — resumido em uma fórmula direta usada por um dos jurados: «não dever nada a ninguém».
Exemplos citados ajudam a entender o raciocínio: Dave the Diver foi classificado como não indie por ter sido produzido com o apoio de uma grande produtora, mesmo que carregue estética indie. Títulos como Clair Obscur: Expedition 33 e Split Fiction também foram apontados como fora da categoria indie pelos jurados, apesar de seus estúdios serem financeiramente independentes, por terem contado com investimentos ou suporte de empresas maiores, como no caso da publicação auxiliada pela Kepler.
Outro critério prático adotado por alguns times é a distinção entre jogos publicados pela própria desenvolvedora e aqueles que delegam a publicação a uma editora externa. Essa separação ajuda a preservar o sentido de premiações para games verdadeiramente independentes, cujo acesso a holofotes e mercado costuma ser mais difícil.
Transmissão e contexto do evento
O The Game Awards 2025 acontece nesta quinta-feira (11), às 21h30 (horário de Brasília). O IGN Brasil transmite o evento com tradução simultânea nos canais do YouTube, Twitch e TikTok. Segundo os jurados, a intenção ao participar é trazer pluralidade de perspectivas e defender critérios que deem espaço a projetos menores sem serem ofuscados por investimentos maiores.
As eleições internas, o uso limitado de agregadores e a preferência pela deliberação em grupo mostram que, para os representantes brasileiros no júri, a decisão passa por equilíbrio entre gosto editorial, contexto de produção e o objetivo de valorizar vozes menos visíveis na indústria.